Vai de 1860 a 1870 e é considerada um período de transição para o Realismo por ser uma fase mais equilibrada. Autores pré-realistas e Lirismo simples e sincero. A terceira geração Romântica distancia-se dos exageros sentimentais da segunda geração. As principais obras dessa geração fazem referência à atuação política, criticando os tiranos e defendendo os oprimidos
Principais Autores Românticos dessa geração:
Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839-1871), conhecido como Júlio Dinis, nasceu em Porto. É considerado como um escritor de transição, situado entre o fim do Romantismo e o início do Realismo. Longe do passionalismo de Camilo, Júlio Dinis em suas obras mostra um amormovido mais pela espiritualidade e não leva necessariamente à tragédia, por ser baseado em princípios éicos e na pureza dos sentimentos. Em deus romances há: tensões sociais, onde todos os conflitos podem ser resolvidos pela razão, pelo trabalho e pela ciência. As personagens são idealizadas: angelicais, bondosas, de uma moral firme e sólida.
Obras: Pupilas do Senhor Reitor (1869), A Morgadinha dos Canaviais
(1868), Uma Família Inglesa (1868), Serões da Província (1870), Os Fidalgos da
Casa Mourisca (1871), Poesias (1873), Inéditos e Dispersos (1910), Teatro
Inédito (1946-1947)
Capítulo I
José das
Dornas era um lavrador abastado, sadio e de uma tão feliz disposição de gênio,
que tudo levava a rir; mas desse rir natural, sincero e despreocupado, que lhe
fazia bem, e não do rir dos Demócritos de todos os tempos - rir céptico,
forçado, desconsolador, que é mil vezes pior do que o chorar.
Em negócio
de lavoura, dava, como se costuma dizer, sota e ás ao mais pintado. Até o Sr.
Morais Soares teria que aprender com ele. Apesar dos seus sessenta anos,
desafiava em robustez e atividade qualquer rapaz de vinte. Era-lhe familiar o
canto matinal do galo, e o amanhecer já não tinha para ele segredos não
revelados. O sol encontrava-o sempre de pé, e em pé o deixava ao esconder-se.
Estas
qualidades, juntas a uma longa experiência adquirida à custa de muito sol e
muita chuva em campo descoberto, faziam dele um lavrador consumado, o que,
diga-se a verdade, era confessado por todos, sem esforço de malquerenças e
murmurações.
Diz-se que
quem mais faz menos merece e que mais vale quem Deus ajuda do que quem muito
madruga, e não sei o que mais; será assim; mas desta vez parecia que se
desmentira o ditado, ou pelo menos que o fato das madrugadas não excluíra o
auxílio providencial, porque José das Dornas prosperava a olhos vistos. Ali por
fins de agosto era um tal de entrar de carros de milho pelas portas do
quinteiro dentro! S. Miguel mais farto poucos se gabavam de ter. Que abundância
por aquela casa! Ninguém era pobre com ele; louvado Deus!
João de Deus Ramos nasceu em S. Bartolomeu de Messines em 1830. Depois duma estada em Beja, em 1869 é eleito deputado a contragosto e vai para Lisboa: nesse mesmo ano estreia em poesia com Flores do Campo. Em 1876, publica a Cartilha Maternal, e inicia uma incessante ação pedagógica. Foi admirado pelos realistas.
Flores do campo
Camões e Byron-Scepticismo e Crença
Vem d'alto
gozar, lirio!
Noite estrellada e tepida;
A vista ao céo intrepida
Lança, penetra o Empyreo.
Noite estrellada e tepida;
A vista ao céo intrepida
Lança, penetra o Empyreo.
Dilata os
seios tumidos;
Larga este terreo albergue;
Nas azas d'alma te ergue;
Ergue os teus olhos humidos
Larga este terreo albergue;
Nas azas d'alma te ergue;
Ergue os teus olhos humidos
Que
vês?—Soes, de tal sorte
Que os crêra tochas pallidas,
Quando as guedelhas, madidas
De sangue, arrasta a morte.
Que os crêra tochas pallidas,
Quando as guedelhas, madidas
De sangue, arrasta a morte.
—Transpõe-n'os;
que, elevando-te,
Por cada um d'aquelles,
Milhões e milhões d'elles
Verás alumiando-te.
Por cada um d'aquelles,
Milhões e milhões d'elles
Verás alumiando-te.
Ávante pois,
acima
Dos soes d'uma luz tremula;
Alma dos anjos emula!
Deus o teu vôo anima.
Dos soes d'uma luz tremula;
Alma dos anjos emula!
Deus o teu vôo anima.
Os trechos da postagem foram extraídos do livro ¨viva português-volume 2¨, editora ática e do livro ¨As Pupilas do Senhor Reitor¨, editora porto editora - 1867.